Hospital Dr. José Athanázio pode ser denunciado por negligência

Dollarphotoclub_66020892Caso envolvendo a morte de um bebê ainda no ventre materno foi registrado no último sábado no hospital de Campos Novos. Família afirma que vai denunciar instituição por negligência. Direção da Fundação Hospitalar apura o caso e aguarda laudo do IML.

O sábado, 16 de abril, estava marcado para ser um dia inesquecível para o casal Inariane Stafanes e Rafael de Oliveira dos Santos, pois neste dia iria se concretizar o maior sonho que um homem e uma mulher podem desejar: o nascimento de um filho e a constituição de uma família. Com total dedicação, amor, zelo e cuidado o casal preparou as roupas, a caminha e toda a casa para receber Pablo Gabriel Stefanes dos Santos, que viria ao mundo nesse dia, momento de realização e felicidade para os pais e familiares. O tempo foi passando, a mãe ansiosa sentindo que a hora estava chegando, o pai nervoso, a família toda na expectativa, emocionada pelo grande momento.

Mas nem tudo saiu como o planejado anteriormente. Segundo relatou o pai da gestante Antônio Carlos Stefanes à reportagem do Jornal O Celeiro, que esteve no hospital ainda no sábado, às 18h20min a família se deslocou ao Hospital Dr. José Athanázio de Campos Novos, dando entrada às 18h40min na recepção, que em seguida encaminhou a gestante para a equipe de maternidade, onde foi realizado o autoatendimento preliminar e foi informado que estava tudo bem com o bebê e a mãe.

Após 15 minutos, houve a troca de turno no hospital e neste período uma nova avaliação foi realizada com a mãe e o bebê, sendo constatado que a criança não apresentava mais sinais vitais. Uma mudança drástica em apenas 15 minutos. A família não acreditava. Em seguida o médico plantonista foi informado e verificou que o bebê já estava em óbito no ventre de sua mãe.

Com exclusividade, a Reportagem do Jornal O Celeiro conversou no sábado com seu Antônio, pai de Inariane. Indignado com a situação, ele desabafou. “Chegamos ao
Hospital e as enfermeiras nos comunicaram que estava tudo bem com a criança e com minha filha, como que depois de 15 minutos a criança iria entrar em óbito? Como? Isso é uma vergonha, é uma vida que morreu por falta de profissionalismo, por falta de amor, por falta de cuidados, isso é uma negligência. A vida é uma só, e têm pessoas maldosas que fizeram isso, eu não entendo onde num lugar que salva vidas, matam pessoas. Estamos indignados, a família inteira está indignada, iremos procurar nossos direitos até o fim e vamos esperar achar os verdadeiros culpados e a justiça tem que puni-los de forma severa e justa”, desabafou.

Rafael de Oliveira dos Santos
Rafael de Oliveira dos Santos

Nesta terça-feira, 19 de abril, a reportagem conversou com Rafael de Oliveira dos Santos, o pai do bebê, que afirmou que a família repudia tal ato e confirmou que irão entrar na justiça com denúncia por negligência contra o Hospital, nos próximos dias.

“Sobre o caso, nós chegamos ao Hospital no sábado, no qual foi feito o primeiro exame de rotina que constatou que o bebe chegou com sinais vitais e não havia dilatação e os batimentos do coração estavam normais, após fazer esse exame, a enfermeira avisou o médico plantonista que não subiu atendê-la. Às 19h05min quando trocou o plantão a outra enfermeira realizou os mesmos exames, que constatou que havia 3 dedos de dilatação e sangramento e o médico foi avisado novamente e o mesmo assim não foi atendê-la”, disse.

Rafael também comentou que em seguida a família optou em chamar um médico particular, que realizou exame de ultrassom e comprovou que o bebê realmente estava sem vida.

Procurado ainda no sábado pela reportagem para o esclarecimento dos fatos, o Diretor Geral a Fundação Hospitalar Dr. José Athanázio, Leonardo Farias Santos, informou que a mãe recebeu o primeiro atendimento de maneira correta e o que a troca de turno aconteceu às 19hs. “Ela deu entrada no hospital às 18h40min, tiveram o primeiro atendimento às 18h50min e isso está registrado em prontuário. A troca de turnos acontece às 19hs e nesse primeiro atendimento às 18h50min foi informado que a criança estava apresentando sinais vitais e de que a mãe apresentava dores leves e estava entrando em trabalho de parto. Após a troca de turno, houve uma segunda avaliação e as técnicas em enfermagem informaram que o bebê não apresentava mais sinais vitais. Foi quando informaram o médico e ele constatou que a criança estava em óbito no ventre de sua mãe”, disse o diretor.

Ainda no sábado, Leonardo Farias Santos, afirmou que o levantamento das informações seria realizado, visando apurar as causas que levaram o bebê a óbito. A coleta dos dados se daria entre os 15 minutos, quando houve o primeiro e o segundo atendimentos, para identificar se houve o erro do Hospital ou se o bebê já teria chegado sem vida à unidade de saúde. “Quando a mãe chegou ao hospital, conforme nosso formulário de atendimento, ela e o feto se apresentavam-se em boas condições, o que nós vamos averiguar é se no primeiro atendimento para o segundo atendimento que foi um tempo transcorrido de 15 minutos, se existiu realmente essa diferenciação entre estar vivo e depois estar morto. Então é essa avaliação que vamos fazer junto às equipes que estavam no atendimento, vendo também se o médico foi informando no primeiro momento ou não. Pelo o que temos é que o médico não foi acionado e quando a equipe acionou o médico, ele constatou o óbito. Porém, gostaria que ficasse bem claro, houve sim o atendimento do hospital como sempre é realizado”, declarou Leonardo.

Segundo o diretor, o Hospital Dr. José Athanázio lamenta o fato e enfatizou que nos próximos dias terá o laudo apontando se a família chegou de forma tardia ou se houve o erro do Hospital. “O que cabe a nós do Hospital é fazer uma triagem, apurar qual foi o procedimento desde quando a mãe chegou no hospital, de que forma ela chegou para que nós possamos tomar as medidas. Se houve um erro do hospital iremos tomar as atitudes cabíveis, ou se houve uma procura de forma tardia, iremos apurar tudo isso e a família sempre saberá dos fatos. Infelizmente é uma criança e por se tratar de um bebê nos comove ainda mais, porém, vamos tentar chegar a um dominador comum e ver se esse fato aconteceu antes ou depois do atendimento e vamos buscar da forma mais rápida e limpa possível”, comentou.

Procurado novamente na terça-feira, 19 de abril, o Diretor do Hospital informou que aguarda o laudo oficial do Instituto Médico Legal – IML de Joaçaba para averiguar o caso de forma concreta e definitiva. A estimativa é que em até 15 dias o laudo seja entregue ao Hospital.

A placenta foi o material coletado para o exame no IML. “A gente não pode precisar se houve erro ou se houve negligência, porque todo o atendimento foi feito. O que nós estamos tentando laudar via placenta através de IML é o horário previsto mais ou menos, uma média prevista de que hora a criança veio a falecer. Nós queremos saber se ela realmente faleceu já dentro das instalações da instituição ou se ela já chegou ao hospital. O que houve foi uma ausculta feita pela funcionária. Nós estamos averiguando se houve um equívoco da funcionária neste sentido, porque segundo relatos da família a mãe já sentiu dores às três da tarde mais ou menos, então eu acredito que este relato seja mantido. Volto a frisar houve o atendimento, com duas avaliações e na segunda avaliação que se constatou a morte da criança”, concluiu o diretor.

Polícia Civil investiga o caso:

Polícia Civil informou a Reportagem que iniciou investigação sobre o óbito do recém-nascido. De acordo com a Polícia, foi instaurado um inquérito Policial, o qual tem por finalidade apurar todas as circunstâncias do fato que ocorreu. A Polícia informa que o prazo inicial para conclusão é de 30 dias, porém, sendo possível a sua prorrogação em razão da complexidade do fato a serem investigados.

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