CELEIRO NA COMUNIDADE: Lixo acumulado tem feito parte do cenário de Campos Novos

Atuação e consciência sobre o lixo devem vir por parte de todos os setores

Ao caminhar pela cidade de Campos Novos nos deparamos com um cenário desagradável de lixo espalhado por algumas ruas e cantos da cidade, por exemplo, algumas pessoas acabam jogando lixo em locais não apropriados, como casas abandonadas ou sem moradores. Além de proporcionar um ambiente feio, o lixo acumulado pode abrir caminho para o aparecimento de pestes e bichos nocivos a saúde humana. Poder público, população e empresas privadas devem andar de mãos dadas para evitar que este problema se agrave. Santa Catarina é conhecida nacionalmente por sua beleza, pela educação das pessoas e por suas cidades limpas, Campos Novos precisa voltar a se enquadrar neste contexto.

O que está faltando: mais educação do povo ou mais atenção do poder público? O assunto carece de atenção, pois o lixo é algo impossível de não ser produzido, em média cada pessoa produz entre 800 g a 1 kg de lixo diariamente. Mas o lixo precisa ser destinado a locais adequados para que não interfira nem na saúde nem na paisagem da cidade. Provavelmente falta ação para um melhor destino para o lixo, as pessoas precisam ter mais respeito e mais sensibilidade para perceber que o lixo jogado nas ruas não contribui em nada para a população e para a cidade.

Algumas pessoas dizem que o acúmulo de lixo é decorrente da falta de consciência da própria população que o descarta indiscriminadamente, já outros disseram que o problema também é causado por não haver uma coleta adequada. Independente das causas o problema deve ser pensado de forma individual e coletiva, pois este é um problema real e urgente e que se arrasta por anos. O cenário atual promove um modelo de sistema em que o mercado e produtos são priorizados em detrimento de valores humanos essenciais, causando um dos maiores problemas sociais do Brasil que é a produção desenfreada do lixo, e ainda pior, não há uma conscientização da importância da reciclagem, da reutilização ou o lugar certo para o descarte deste lixo.

De acordo com a engenheira sanitarista e ambiental Deisi Borga a situação é de fato preocupante e deve ser vista com seriedade, devidos os perigos do acumulo de lixo nas ruas. “O lixo depositado nas ruas a céu aberto ocasiona a poluição das águas, inundações, produção de chorume e a proliferação de insetos transmissores de doenças graves como a dengue, diarreia, hepatite, leptospirose, juntamente com os gases liberados por esses detritos que agravam ainda mais o efeito estufa”, explica.

Deisi prossegue explicando que a atual situação mostra a ausência de conscientização de todos, pois o lixo é processado nos mais diversos segmentos. Faz-se necessárias atitudes empresariais e sociais mais sustentáveis promovendo ações que incentivem produção menor de lixo, como a diminuição do número de embalagens plásticas que estão sempre associadas aos produtos, como a compra de um aparelho celular, de uma caixa de bombom, de um televisor, e demais produtos. Essas iniciativas diminuiriam o volume de lixo lançado no meio ambiente, podendo diminuir as doenças por contaminação pelo acumulo do lixo e a contaminação de água pelo chorume, os aterros sanitários teriam vida útil maior, a emissão de gases na atmosfera diminuiria, e contribuiria para que a administração pública economizasse com limpeza urbana.

Com relação ao descarte, Deisi destaca a importância de realizar uma separação do lixo em resíduo molhado e resíduo seco. “Para que o lixo tenha seu acondicionamento correto é importante separar o resíduo molhado, que é o lixo orgânico, as sobras de comida, que não podem ser destinados a reciclagem, e o resíduo seco, que é o lixo que pode ser reciclado, que são os materiais de papel, plástico, vidro e metal,”, explica, lembrando que dessa forma o lixo orgânico é encaminhado para o local devido e os recicláveis vão para área de reaproveitamento, podendo gerar renda e economias nos recursos naturais.

Todas essas orientações fornecidas são de grande necessidade, porém precisa ser aplicada por todos, comunidade, empresas e administração pública.

Alguns moradores afirmam que a coleta é feita devidamente nas suas ruas, mas ainda falta mais consciência na hora de destinar o lixo, faltam mais conscientização voltadas para a diminuição de resíduos, e como alguns moradores disseram, falta mais coleta seletiva para incentivar as pessoas a separar o lixo de modo correto.

No entanto essa questão ainda precisa ser trabalhada na sociedade, a engenheira Deisi diz que para mudar a situação é preciso a implantação da educação ambiental em todos os setores: agronegócio, industrial, metal mecânico, elétrico, administração pública, sociedade, etc. “A sociedade em geral precisa entender o que é o lixo e quais os benefícios de uma produção controlada e sustentável, de maneira que esses métodos sejam passados de geração a geração, afinal criança instruída torna-se um cidadão consciente”, conclui Deisi.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1534 de 21 de Junho de 2018.

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