Regularização da Casa do Mel permitirá alavancar a apicultura

Capacidade produtiva do município poderia contribuir para a exportação do mel

O estado de Santa Catarina é destaque no Brasil e no mundo por seu desempenho no agronegócio. Um desses setores que vem chamado a atenção é a apicultura, que tem um mercado bem consolidado no estado, além disso o mel produzido no estado é considerado o melhor do mundo. Mas não é à toa que o mel do estado é tão bom, afinal Santa Catarina tem um clima privilegiado que favorece a intensidade e diversidade de flores em pouco tempo. Quanto mais diversificada as flores, melhor é o mel. Em seis anos, a produção subiu de 3,5 mil toneladas para 6,5 mil toneladas. Santa Catarina é hoje o terceiro maior Estado em produção, com cerca de 8 mil e 700 famílias trabalhando na produção, sendo que 80% delas têm na apicultura a principal fonte de renda. Mas será que todos os municípios sabem aproveitar e explorar seu potencial produtivo?

Campos Novos tem 51 produtores de mel, que produzem cerca de 250 toneladas de mel, mas infelizmente o município não conta com uma Unidade de Beneficiamento ativa para profissionalizar e beneficiar o mel para a comercialização em maior escala. A maioria dos produtores constrói o apiário em suas propriedades e comercializa o produto de forma autônoma direto ao consumidor final. A Casa do Mel, Unidade de Beneficiamento do Mel, que fica nas instalações da Epagri e foi construída com recursos do SC Rural, está desativada há mais de 10 anos. Se a mesma fosse reutilizada permitiria o aumento da produção e possibilitaria a importação e comercialização de maneira mais ampla e profissional permitindo ao município participar do segmento da apicultura de forma efetiva. O presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária Familiar do Planalto Sul Catarinense (COPLASC), André Granzotto Machado, afirma que a apicultura do município e região deveria ter um incentivo maior e de mais união entre os produtores.

A Casa do Mel chegou a ser utilizada de 2004 a 2006 pelos produtores durante dois anos, porém, após fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o local teve que ser fechado para adequações, que não foram cumpridas por falta de recursos dos produtores. Houve a tentativa de reativar a cooperativa no ano passado, no qual foram alcançados cerca de 21 produtores para dar prosseguimento ao trabalho feito na Casa do Mel. Eles ainda estão tentando readequar o projeto conforme prevê a regulamentação do MAPA. André, junto há mais membros da COPLASC, tem se mobilizado em prol da causa, e tem chegado junto a Administração Municipal para ter o apoio para a reativação da unidade. Algumas adequações foram feitas, mas ainda faltando rever a questão do estatuto social da classe.

A Secretaria Municipal de Agricultura está auxiliando para que esta etapa seja cumprida. “A gente precisa de mais pessoas para viabilizar essa situação, porque tem poucos produtores envolvidos. Precisamos de políticas públicas que venham a incentivar o cooperativismo. Nós reativamos a cooperativa, mas ainda precisamos de mais apoio. Queremos beneficiar nosso mel. Gostaríamos de ter reativado a unidade há tempos. Precisamos ter as pessoas acreditadas para mobilizar a cooperativa. Nós tínhamos feito tudo, mas daí esbarramos no estatuto que estava errado. Daí voltamos atrás”, declarou André, confirmando também que quando o projeto estiver pronto eles irão reorganizar a cooperativa para viabilizar a produção do mel.

O diretor de Fomento de Projetos da Secretaria Municipal de Agricultura, Diego Silva, disse que a secretaria se propôs a ajudar os produtores e tem se empenhado para que a Casa do Mel volte a funcionar. “Estamos cuidando da parte do projeto e da parte legal, estamos fazendo a ponte entre a Cidasc e os agricultores. Já demos encaminhamento a questão estrutural porque a obra foi feita há muito tempo e não existia um banco de dados deste projeto. Foi preciso refazer o projeto estrutural, memorial descritivo, planta de localização, tudo que é exigido pela Cidasc. Essa etapa já foi encaminhada. Se tudo ocorrer bem, na próxima florada do mel já seja realizada a inspeção estadual na unidade”, afirmou. Diego também ressaltou que após isso, a Unidade deverá contar comum veterinário responsável pela unidade. “Vamos dar suporte e ajudar, mas não podemos providenciar um veterinário, pois não tem como um órgão público ser responsável e ao mesmo tempo fiscalizar”, concluiu.

Com o apoio necessário e os reajustes feitos os produtores se sentirão mais motivados a investir na apicultura e abraçar este segmento do mercado que só tende a crescer. Os produtores que mantem seus apiários em propriedades particulares recebem treinamento técnico regularmente para o exercício da atividade. Ano passado a Epagri iniciou uma jornada técnica que passou por Campos Novos trazendo palestras e discussões sobre o tema. André acredita que com a reativação da Unidade, esses treinamentos e mais capacitações sejam ainda mais pontuais para incentivar e qualificar o produtor deste setor. André Granzotto Machado, afirma que a apicultura do município e região está bastante atrasada. “Existem técnicas e manejos que muitos produtores não conhecem, e o SENAR e a EPAGRI estão em conjunto com o produtor para efetuar pedidos de cursos para interessados na apicultura. Mas precisamos de mais união entre os produtores”, ressaltou.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, edição 1575 de 25 de abril de 2019.

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