Representantes do agronegócio se mostram preocupados com situação climática do estado

Ano de 2019 apresenta clima atípico para época e estiagem pode dificultar o setor agrícola.

O clima é fator importante na vida e sobrevivência de todos os seres vivos, e ainda mais importante para determinados setores da agricultura e pecuária. Muitas lavouras são vulneráveis ao comportamento do tempo, e dependendo de como o clima se comporto ela pode ser bem-sucedida ou não. Os produtores rurais tentam todos os recursos possíveis e fazem uso da tecnologia para tentar prever as condições climáticas, mas nem tudo é tão previsível, então a torcida é grande para que nada saia fora do planejado. Na agricultura não são apenas as pragas as principais inimigas das plantações, o clima também pode atuar com o mesmo efeito destrutivo. Há inúmeros casos de agricultores que viram suas plantações se perderem em virtude de fortes chuvas ou pela ausência delas. Tudo seria perfeito se houvesse um equilíbrio na natureza. Chuvas e sol na medida certa, nada de estiagem ou friagem em excesso.

Neste ano de 2019, Santa Catarina tem se mostrado preocupada com a situação de falta de chuva e as consequências dessa estiagem no setor agrícola. Essa condição é acompanhada pela Epagri/Ciram nas estações hidrológicas que as mesmas monitoram, aonde há registro de quinze pontos críticos em vários municípios. Essa condição de pouca ocorrência de chuva impacta na disponibilidade de água nos rios dos complexos e das bacias hidrográficas. Para tanto as entidades representantes do agronegócio se reuniram em Florianópolis, na última sexta-feira (11), para debater este tema e de que forma o quadro agrícola se projetará a partir deste cenário diagnosticado.

Participaram da reunião o secretário da Agricultura e Pesca de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa; Edilene Steinwandter, presidente da Epagri; José Angelo Di Foggi, presidente da CEASA (Centrais de Abastecimento do Estado de Santa Catarina); representantes da Faesc (Federação da Agricultura e Agropecuária), Fetaesc (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), Ocesc (Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina), Fecoagro (Federação das Cooperativas Agropecuárias), Sindicarne (Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados), Casan e também técnicos da Ciram e Cepa (Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola) da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural). Os profissionais apresentaram os índices de chuva registrados nos últimos meses, o nível dos rios monitorados e a previsão de tempo e clima e as perspectivas para a agricultura do Estado a partir do cenário de chuvas previsto. O objetivo da reunião foi colocar todas as entidades do setor produtivo a par da situação da estiagem e também mostrar o acompanhamento do que está sendo feito. Apesar do período de estiagem prolongado, não haverá muitos efeitos na produção, e a classe está confiante de que os próximos dias serão melhores.

Os reflexos dessa estiagem afetam não somente a agricultura, mas também a pecuária. Os animais precisam de pastagem para alimentação, então é preciso se ater ao clima, para estratégias de manejo e as medidas para minimizar os impactos do tempo em cada etapa da pecuária. O meteorologista Piter Scheuer, colaborador da Radio Simpatia, falou que está situação é atípica na região e se deu devido a um período de neutralidade. “O que está levando a essa situação é a neutralidade caracterizada por uma anomalia da temperatura do oceano pacifico equatorial que faz com que o clima não fique nem quente e nem frio. Ela faz com que tenhamos períodos de chuva forte no Sul, intercalados com período de tempo seco, de calor forte e de frio. Isso não é comum, estamos tendo marcas históricas de temperatura, foi um ano extremamente variável por conta dessa neutralidade, tivemos marca de até 40 graus em alguns pontos da região Sul”, explicou Piter. Com relação a presença de chuvas, o mês de outubro parece registrar um volume maior, mais ainda não é o suficiente. A previsão é de que haja chuvas fortes e volumosa, mas que serão intercaladas por períodos curtos de tempo seco. Para o mês de novembro a previsão é de que na primeira quinzena seja mais chuvoso e na segunda quinzena seja mais seco.

Campos Novos é um grande protagonista da agricultura do estado, fato que o consolida como o Celeiro Catarinense. Para alcançar este patamar os produtores contam com a ajuda do clima. Na agricultura é fundamental que os índices pluviométricos, ou seja, a quantidade de água resultante da chuva, tenham volumes significativos para contribuir com o desenvolvimento das plantações. A chuva também contribui para a determinados tipos de lavouras e para o pasto e isso ajuda na criação de gado. Além disso, Piter diz que as poucas chuvas também apresentam riscos aos rios da região. “Nos últimos 30 dias o volume total da região de Campos Novos ficou na marca dos 100 milímetros, é um bom volume, mas não é suficiente, é um volume que contribui, mas longe do que é o ideal, está abaixo da média. A climatologia de chuvas para este mês de outubro varia entre 150 a 170 milímetros”, afirmou.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, edição 1600 de 17 de Outubro de 2019.

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