IMAS acumula déficit de R$ 760 mil em seis meses de gestão do Hospital Dr José Athanázio

Prefeitura que já antecipou repasses do contrato, estuda aumentar recurso para OSS – Em 6 meses a receita foi de R$ 5 milhões contra R$ 5,8 de despesas, segundo assessoria do Instituto

A gestão compartilhada do Hospital Dr José Athanázio e as questões financeiras que envolvem a administração do hospital, foram o principal tema da reunião desta quinta-feira (31), do Conselho Municipal de Saúde de Campos Novos.

A reunião contou com a representação de várias entidades e de órgãos públicos. Do Corpo Clínico do hospital, participaram os médicos Jonas Medeiros e Clinton Ko-Freitag que falaram do descontentameto da classe médica, quanto ao desempenho do Instituto Maria Schmitt (IMAS) na gestão. Da direção do hospital, participaram o diretor clínico, Euclides Dall’Oglio, o diretor geral, Edson Martins, além do prefeito Alexandre Zancanaro.

Clinton Ko Freitag questionou a eficácia da estratégia de trazer os mutirões das cirurgias do SUS para Campos Novos. Observou que hospital tem mais receita, mas entende que o custo também é maior. Além disso, acentua que o valor pago pelo SUS pelas cirurgias é defasado.

Jonas Medeiros entende que o hospital não tem estrutura para cirurgias de média e baixa complexidade, pois não conta, por exemplo, com banco de sangue e deve dar prioridade ao atendimento da população local, pois é municipal.

Durante a reunião, o prefeito foi aconselhado por um dos profissionais, a romper o contrato com o IMAS, com o argumento que o sistema de gestão aplicado pela Organização Social de Saúde (OSS), pode comprometer seriamente as finanças do hospital.

Outra observação feita é que até o momento, os investimentos na reforma da instituição (ala do SUS, recepção, ala para UTI), são da prefeitura e não do IMAS, como era esperado. A qualificação de novos profissionais contratados para atendimento de emergência, também foi questionada.

O diretor clínico, Euclides Dall’Oglio, contesta a avaliação negativa do desempenho do IMAS. O médico diz que a insatisfação não é generalizada entre o corpo clínico, além de argumentar que os mutirões trazem retorno financeiro para a instituição, embora o hospital entre com pagamento de funcionários e com a estrutura para as cirurgias.

A instituição recebe do SUS, em torno de R$ 277 por cirurgia de remoção de catarata, que custa R$ 1.077 para o SUS. Desse total, R$ 800 são destinados aos cirurgiões de São Paulo, que realizam o mutirão, restando R$ 277 para o hospital. Foram realizadas até agora, segundo o diretor geral, Edson Martins, 450 cirurgias de catarata.

O argumento para trazer as cirurgias eletivas é que havia uma estrutura montada no hospital, assim como, pagamento de funcionários, com baixa taxa de utilização da estrutura.

Outro cenário apresentado pela OSS é que o número de pacientes atendidos com consulta, no ambulatório e com exames pelo SUS, aumentou desde abril, início do contrato. A diretora da Fundação Hospitalar, Luana Conink Dalla Costa, favorável a atual gestão, disse que o atendimento ambulatorial passou de 1.530 pacientes, para 2.500 pessoas atendidas. Informou ainda que o número de exames feitos no hospital, saltou de 2,6 mil, para 5 mil.

Outro argumento do IMAS, é que no Pronto Socorro ( plantão), os atendimentos passaram de 2,5 mil, para 5 mil mês.

A Secretaria de Saúde ainda não identificou claramente porque os atendimentos no plantão dobraram em seis meses. Segundo a OSS, mais de 80 por cento desses atendimentos deveriam ter sido procurados nos postos de saúde.

Na opinião do presidente do Conselho Municipal de Saúde, Gilberto Scussiato, para reduzir a demanda de atendimento de casos não-emergenciais, as unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF), deveriam exigir que os médicos fossem regulados por jornada de trabalho, não por número de fichas como ocorre no atual sistema de contrato, com a prefeitura.

Números

O prefeito Alexandre Zancanaro não pretende romper o contrato com a OSS. Ao Conselho de Saúde, Zancanaro disse acreditar no reequilíbrio das finanças do IMAS, entendendo que 6 meses é pouco tempo para deslanchar na administração do hospital. Observou que das 23 inconsistências apontadas pela CAF (Comissão de Acompanhamento e Fiscalização), na prestação de contas de maio, 8 delas foram explicadas. Embora confirme que o IMAS deva devolver dinheiro aos cofres públicos, o prefeito afirma que não existe desvio de recursos do contribuinte. O montante a ser devolvido não foi divulgado.

Zancanaro disse que uma equipe do IMAS estará em Campos Novos, para definir com a prefeitura qual o valor do reajuste do contrato, fixado em R$ 725 mil, nos primeiros seis meses e que deveria ter redução de R$ 50 mil a partir de agora.

Segundo a assessoria do IMAS, o déficit da OSS é de R$ 760 mil, acumulado em seis meses.

Confira a tabela

Tabela fornecida pela assessoria do IMAS/ Foto- Conselho de Saúde
*Informações: Rádio Cultura

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