Frio provoca vasoconstrição e aumenta a pressão arterial

Cardiologista alerta para riscos do aumento da pressão arterial durante o inverno. A temperatura cai e a pressão pode subir. Frio também pode aumentar incidência de infarto e AVC.

JosmarOs hipertensos também sofrem nesta época do ano, já que a pressão arterial é alterada juntamente com a queda de temperatura. O cenário pode ser explicado da seguinte maneira: imagine que o organismo funciona como um termômetro corporal, ou seja, quando a temperatura ambiente sobe, ou desce, o sistema muda seu funcionamento para que o corpo continue a funcionar em aproximadamente 36 graus. O frio também aumenta o risco de infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O cardiologista Josmar Portugal Vaz, explica que com as baixas temperaturas, o sistema nervoso simpático, responsável pela aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial e concentração de açúcar no sangue, age e não permite que o corpo esfrie e entre em parafuso. Por conta dessa mudança no organismo, os vasos se contraem e acabam elevando a pressão arterial.

“O sistema nervoso simpático aumenta a frequência cardíaca para o coração não entrar em parafuso. Com a vasoconstrição que o inverno causa e o aumento da frequência cardíaca a pessoa vai ter neste período a pressão um pouco elevada, normalmente. Quem tem a pressão mais alta, vai subir mais ainda. Por isso que os infartos e os derrames acontecem mais no inverno, em decorrência deste processo”, explicou o cardiologista.

Dr. Josmar alerta ainda que a pressão alta é assintomática, por isso é importante que as pessoas tomem alguns cuidados, como não esquecer de ingerir o medicamento de controle da pressão arterial. “A gente sempre avisa, sempre comenta que a pressão alta não dá sintomas, é totalmente assintomática. Então é importante que as pessoas tomem cuidado, principalmente as hipertensas, para que não se descuidem dos medicamentos. Sempre o sistema nervoso simpático está atuando para manter o organismo funcionando”, esclareceu.

Outro alerta é quanto à demência vascular, que pode ser provocada pelo desgaste das artérias, causado pela pressão alta. “A pessoa que é hipertensa, no decorrer do tempo vai tendo uma demência vascular pelo desgaste das artérias, causado pela pressão alta. Por isso que é importante tratar a pressão, porque lá na frente vai causar esta demência, principalmente se a pessoa for hipertensa e diabética, o processo vai ser mais rápido ainda. A pressão alta causa problemas de esquecimento e demência em decorrência do desgaste da parede do vaso”, alertou.

shutterstock_98587517A demência vascular pode ter início agudo, seguida por uma sucessão de acidentes vasculares cerebrais por trombose, embolia ou hemorragia. Raramente a causa pode ser um infarto único e extenso. Também pode ter início gradual, seguindo-se a numerosos episódios isquêmicos que produzem um acúmulo de infartos no parênquima cerebral, caracterizando a demência por infartos múltiplos.

Sedentarismo pode agravar o quadro da hipertensão

Estresse, consumo excessivo de sal e sedentarismo também influenciam o aparecimento da hipertensão. Josmar Portugal Vaz afirma que além das mudanças no sistema nervoso corporal, o inverno também provoca alterações nos hábitos da população, de uma forma geral. Enquanto a alimentação se torna mais pobre, rica em gorduras e carboidratos, a atividade física diminui. “No inverno as pessoas fazem menos exercícios, o que aumenta o sedentarismo, come mais doce, carboidrato e vai aumentar o peso. E se elas relaxarem com o tratamento da pressão arterial tende a ter uma complicação condicionada pelo inverno. Atividade física é importante, é o melhor remédio para o coração”, afirmou.

Portanto, nesta época do ano é importante tomar cuidado com a alimentação rica em sódio e seguir com a prática de exercícios físicos, sempre acompanhados de alongamento. A ingestão de água também é recomendada pelo cardiologista. “Água é remédio. Por exemplo, o rim precisa de água, a cada cinco minutos todo o sangue do organismo é filtrado pelo rim. Todo o organismo precisa de água, tanto que nós viemos de um meio cheio de água, que é a placenta”, concluiu o médico.

*Reportagem publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1433 de 16 de Junho de 2016.

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