O ano agropecuário e as perspectivas para 2018

Mais que economia, o agronegócio fomenta extensa cadeia produtiva no país. Produtor se mantém otimista e presidente da Coocam reforça necessidade de apoio e incentivo do governo.

João Carlos Di Domenico (Paco), Presidente da Cooperativa Agropecuária Camponovense (Coocam)

Assim como os demais setores da economia nacional, produtores e representantes de empresas do agronegócio estão esperançosos com a retomada do crescimento econômico do país para o próximo ano. Com clima altamente favorável, a safra 2016/2017, chamada de “Super Safra”, foi histórica, com 238,5 milhões de toneladas, conforme informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a próxima safra, 2017/2018, em andamento, a expectativa também é de uma grande produção, com destaque para a soja, que em Campos Novos teve incremento na área plantada de 60.500 hectares para 65 mil hectares.

Para o Presidente da Cooperativa Agropecuária Camponovense (Coocam), João Carlos Di Domenico (Paco), em 2018 as perspectivas são de mais estabilidade. “O produtor no geral é otimista sempre, senão não plantaria. Achamos que 2018 será um ano bom, em que a economia deve se firmar. Então os custos começaram a se estabilizar e o mercado internacional não teve uma queda nos preços de soja e principalmente de milho, pois apesar da grande produção no mundo, o consumo também aumentou muito, isso facilitou um pouco a nossa vida”.

No mercado interno, porém, ainda há vários fatores que geram insegurança, analisou o agropecuarista. “Os problemas maiores que nós enfrentamos são exatamente questões internas. Problemas de custo, de logística, de insegurança tributária, jurídica e de futuro. Por exemplo, a votação da reforma previdenciária, é tão grave para o país e afeta todos os brasileiros. No entanto, um pequeno grupo muito bem organizado, representantes na sua maioria de órgãos públicos, consegue segurar essas mudanças. Isso faz parte da estabilização do país, não podemos ficar pagando uma aposentadoria de R$ 100 mil para uma única pessoa. A aposentadoria pública é para subsistência, as pessoas devem ganhar o suficiente para sobreviver. Agora quem quiser ficar milionário tem que ir para o mercado, correr riscos e não ser funcionário público ganhando R$ 100 mil por mês. É um verdadeiro absurdo”, criticou João Carlos.

Fábrica de Rações da Coocam

A dependência de recursos internacionais para investimentos é considerada preocupante pelo presidente da Coocam. “Nós temos o maior custo logística do mundo. Com certeza dos países que produzem cereais em volume para exportação, o nosso custo é o maior, porque não tem investimentos. Basta olhar nossas rodovias para ver o estado em que estão, nem os radares que arrecadam muito dinheiro, não estão funcionando. Para ter uma ideia do aumento do custo da falta de logística, o Tocantins hoje está vendendo soja quase pelo mesmo preço que Santa Catarina, única e exclusivamente por um fator, a Ferrovia Norte/Sul. O investimento na rodovia acabou criando transporte até o Porto de Itaqui, muito mais barato do que nós levarmos de Campos Novos até São Francisco, porque a logística funcionou”.

Conforme João Carlos, a agropecuária é a grande responsável pela queda da inflação. “Nós conseguimos fazer uma grande safra, uma grande produção e baixou todos os preços. Então o Banco Central está dizendo que a agropecuária é a grande responsável pela queda da inflação de 4,5% que estava projetada para 3%,. Isso segundo informações do próprio Ministro da Agricultura, que também afirmou que tudo o que tiramos da terra dá um montante de R$ 1,6 bilhões de toneladas, passando por toda a nossa produção. Somente de cereais são 214 milhões de toneladas. É um grande volume de produção e de pessoas trabalhando nesta cadeia, sendo fundamental que nossos governantes deem mais importância ao setor”.
O presidente da Coocam afirmou ainda que 2018 é ano de eleições e tem que haver responsabilidade na hora do voto, em escolher representantes que estejam comprometidos com o setor e gerem retorno no futuro.

Ano agropecuário na Coocam e novos investimentos

“Para a Coocam foi um ano razoável, com muitas dificuldades como todas as empresas. A grande maioria atravessou momentos de dificuldades, de arrumar a casa. A Coocam não precisou demitir. É lógico que não contratamos mais gente, porém, estamos preparados para continuar crescendo em 2018. Para dentro do portão da empresa estamos organizados, mas é preciso organizar a coisa pública”, destacou Paco.

João Carlos falou ainda sobre investimentos futuros. “Temos um investimento em andamento que é a ampliação principalmente em equipamentos da unidade de sementes. Para o ano que vem está projetada a ampliação de produção da fábrica de ração e outras ações que ainda estão sendo analisadas”.

Agropecuária catarinense amplia faturamento em 2017

Santa Catarina encerra o ano com um Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) estimado em R$ 29,5 bilhões – 0,5% mais do que em 2016. O valor representa o faturamento dos principais produtos da agropecuária em 2017, um ano com safras recordes e preços menores ao produtor. Os dados fazem parte da Síntese Agropecuária, elaborada pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), lançada na terça-feira (19).

O faturamento das lavouras no estado foi de R$ 10,2 bilhões, 6,6% a mais do que no último ano. O grande destaque é a soja, que vem ganhando cada vez mais espaço em Santa Catarina, e teve o quarto maior faturamento do estado – com R$ 2,5 bilhões de VBP este ano, um crescimento de 5,8% em relação a 2016.

Santa Catarina teve um rendimento 7,6% maior do que em 2016 e nas lavouras esse valor chegou a 14,7%. Porém, a safra abundante não foi sinônimo de bons preços e os produtores receberam, em média, 6,5% a menos este ano.

*Reportagem Publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1510 de 21 de Dezembro de 2017.

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