Luto

Causa confusão, dúvidas e dor, aceitar e entender a morte de alguém que atentou contra a própria vida. São muitos os questionamentos conflitantes. As causas e consequências de um suicídio despertam sentimentos de vergonha, culpa, humilhação e dor. Ninguém concorda com o que aconteceu, sempre acham que poderia ter sido evitado, mas não foi, então só resta aceitar o fato. Ninguém sabe a dor que foi sentida pela pessoa que cometeu suicídio, e nem sabemos se houve um segundo de arrependimento, mas que não deu tempo de voltar a atrás.

Quem se foi já não sente mais dor, não há porque crer num castigo depois, castigo talvez fosse ter que conviver com a dor angustiante todos os dias. A dor de um se dissipou e a dor de quem ficou se alastra, mas ninguém pode entender. É um dado triste ver que tantas pessoas na cidade de Campos Novos tenham desistido da vida.

Para quem fica restam, não apenas recordações, mas as interrogações e a culpa, o que aconteceu faz pensar: porque ninguém percebeu nada, ou porque ninguém, nem mesmo os mais próximos, foram capazes de ajudar? Esses pensamentos intrusivos e constantes são paralisantes, mas em nada colaboram para amenizar a dor. Não deixe que seus pensamentos tirem a sua paz e te matem por dentro, desabafe sua dor.

Que o suicídio não seja um incentivo, mas que sirva de alerta para que as pessoas saiam de seu mundo introspectivo e procurem ajuda. Sempre haverá uma luz e uma esperança. Volte sua atenção para a vida, não deixe que o suicídio de uma pessoa amada te faça perder a vontade de viver, mas que os efeitos da tragédia te impulsionem a sobreviver, e depois conseguirá viver. Os que ficaram são chamados de sobrevivente com razão, porque cada dia é uma superação. Que a experiência te torne mais atento, mais paciente, e mais compreensivo com o próximo, que cada um seja capaz de perceber a dor do outro para estender a mão e ajudar a encontrar uma saída.

Que os números dessas tragédias diminuam e a coragem e a determinação para viver aumentem.

Por: Priscila Nascimento
Jornalista

*Editoral publicado no jornal “O Celeiro”, Edição 1538 de 19 de Julho de 2018.

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