SOP: O que você precisa saber sobre essa doença?

ESPECIAL: DOENÇAS GINECOLÓGICAS

Como saber se tenho? Posso engravidar? Qual o tratamento?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 7 de abril como o Dia Mundial da Saúde, uma data escolhida para enfatizar e conscientizar as pessoas sobre a importância do tema e proporcionar a população mundial mais qualidade de vida. O jornal O Celeiro aplaude a causa e se compromete a levar a população semanalmente informações que contribuem e aumentam o conhecimento das pessoas sobre saúde. Desta vez preparamos uma série voltada para a saúde da mulher, destacando as doenças ginecológicas. Nesta primeira reportagem vamos falar um pouco sobre a SOP – Síndrome dos Ovários Policísticos, doença que afeta cerca de 10% das mulheres. Esclarecer dúvidas e ajudar o público feminino a manter uma boa rotina poderá auxilia-las a ter uma vida mais saudável.

Entre as doenças ginecológicas que tem afetado as mulheres podemos citar a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e a Endometriose. O que as mulheres precisam saber sobre elas? Como saber se tenho? Quais são os riscos que elas apresentam? Tem cura? Posso engravidar? Qual o tratamento? Muitas dúvidas permeiam a mente das mulheres, mas em conversa com a médica ginecologista, Natália Gehrke Gomes, vamos conhecer e entender um pouco mais sobre a SOP e a Endometriose, e para começar é importante deixar claro que apesar de ambas serem doenças ginecológicas, elas não têm nenhuma relação uma com a outra. Nesta primeira etapa vamos nos concentrar primeiramente na SOP.

Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)

A SOP é uma doença metabólica que atinge cerca de 10% da população feminina, ocorre quando os processos metabólicos normais do corpo sofrem alterações, e surgem microcistos no ovário, mas não há uma causa definida. Não tem cura, mas tem tratamento. Os principais sintomas dessa síndrome são: Ciclo oligomenorreico e hiperandrogismo. O que isso quer dizer? Ciclos oligomenorrreicos são quando a mulher não menstrua todo mês, ou seja, o intervalo entre uma menstruação e outra dura mais de 45 dias. E hiperandrogismo é a presença em demasia de hormônios masculinos, que causam o aumento de pelos em partes do corpo onde não é comum em mulheres, por exemplo, no buço, nos seios, abaixo do umbigo, e também causa muita oleosidade e acnes inflamatórias. Além dos sintomas físicos e aparentes os cistos também são evidenciados através do ultrassom.

Como saber se eu tenho SOP? Dra. Natália explica que a pessoa precisa, no mínimo, apresentar dois destes três critérios, mas apenas um médico poderá proferir o diagnóstico, após análise clínica, laboratorial e ultrassonográfica. Se você costuma ter uma menstruação irregular, ou se incomoda com uma quantidade grande de pelos em lugares incomuns, o melhor é agendar uma consulta com o ginecologista.

E se o diagnóstico for positivo? Quais os riscos de ter a SOP? Bem, os cistos não representam nenhum risco a saúde da mulher, eles provavelmente não irão crescer e evoluir para um câncer, mas isso não significa que eles sejam tão inofensivos, na verdade eles podem prejudicar o futuro obstétrico da paciente e abrir portas para outras doenças. O que não quer dizer que a mulher não poderá ter filho, mas ela terá uma dificuldade maior para engravidar, já que devido a SOP ela demorará mais tempo para ovular. “Para engravidar é preciso um útero com espaço e estrutura adequada para abrigar um bebe, as trompas pérvias, espermatozóides e os óvulos que serão liberados do ovário para o interior do útero, mas, quando a paciente tem SOP ela demora para ovular, e com essa demora na ovulação os dias férteis são reduzidos porque o ovário não funciona tão bem quanto os de uma paciente sem os policistos”, ressalta Natália. Em vista desse fator ovariano, o principal tratamento para a SOP é o uso de anticoncepcionais. “Como a mulher teve intervalos longos sem picos ovulatórios, sem descamar o endométrio a tendência é que o uso da pílula anticoncepcional regule as menstruações”, explica.

Por ser uma doença provocada por uma disfunção metabólica, quem apresenta a SOP tem uma predisposição a desenvolver o aumento de triglicerídeos, colesterol e de ter diabetes. “O acumulo metabólico e a predisposição a outras doenças leva a um estado de doença metabólica e aumenta a chance de um infarto, trombose, derrame, que são doenças secundárias ao transtorno metabólico”, explica a médica.

Além do uso de anticoncepcionais, Dra. Natália, afirma ainda que os médicos poderão indicar o uso de medicamentos para prevenir a diabetes e demais doenças que podem atingir quem tem a síndrome, mas a principal recomendação é a mudança no estilo de vida, visando promover qualidade de vida à paciente. “A medicina prevê que a prevenção de diabetes nessas pacientes já possa ser iniciada. Porém, elas precisam redobrar a atenção e cuidados com a saúde, fazendo atividades físicas e optando por alimentação saudável. Quanto mais regrada e saudável for a rotina mais estável a função ovariana, mais estáveis os ciclos menstruais, e maior o potencial reprodutivo”, recomenda. Com o uso de medicamentos as reações e expressões dos hormônios masculinos também serão minimizadas.

Como engravidar se o tratamento prevê o uso de anticoncepcional? No caso de quem realmente quer engravidar, o uso de anticoncepcional deverá ser suspenso, obviamente. Mas a rotina de atividades físicas e de boa alimentação deve ser uma prioridade para a mulher. “Quando a mulher quer engravidar a mulher precisa estar com o corpo organizado, estar no peso ideal, fazendo atividades físicas para ajudar a regularizar as ovulações”, diz.

Em alguns casos, as mulheres que tem mais dificuldade para engravidar precisarão de ajuda através de reprodução assistida. E se conseguir engravidar, quais os riscos para o meu bebe? Nenhum. A gravidez evoluirá normalmente sem riscos para a mãe e para o bebê. Portanto, mulheres, não há o que se preocupar, é só cuidar de si que tudo vai ficar bem. Mas, lembre-se sempre: Vá regularmente ao médico!

Assim como a SOP, existem mais problemas que afetam apenas a classe feminina, o nosso próximo tema é endometriose, doença que causa uma dor insuportável na mulher. Quais os riscos? Na próxima edição vamos entender um pouco mais sobre a doença. Até semana que vem, meninas!

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1573 de 11 de Abril de 2018.

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